História

O passado histórico da Freguesia de Ribeira Grande — Matriz está, indubitavelmente, associado ao da fundação da própria Cidade, facto que a sua toponímia atesta: Matriz (mãe). Com efeito, a constituição do lugar da Ribeira Grande ocorreu com a implantação de um núcleo populacional na área nascente da ribeira que lhe deu nome, no término do século XIV, no sítio onde haveria de erguer-se a ermida de Santo André, e de onde irradiou a actual malha urbana.

A extensa planície de terra farta e a disponibilidade contínua de água foram condições suficientes para que o povoado da Ribeira Grande assistisse a um período de grande desenvolvimento e prosperidade, assente numa forte dimensão agrária e no empreendedorismo das suas gentes. Durante este período, a vocação da Freguesia da Matriz como sede do seu poder político e religioso consolidou-se.

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A importância excepcional que a Ribeira Grande, e a sua freguesia-sede, a Matriz, passou a assumir na costa norte e na ilha, mereceram-lhe o reconhecimento público e oficial com a elevação à categoria de vila, em 1507, por via do foral de D. Manuel I e, mais tarde, em 1981, a cidade.

Da riqueza alcançada pelo dinâmico tecido económico da Ribeira Grande resultou a edificação, na Freguesia, de um interessante e peculiar património arquitectónico, com estilos representativos de diferentes épocas, dos quais se realçam algumas das melhores representações do “barroco açórico”. Dos inúmeros monumentos e locais de interesse da Freguesia, destacam-se vários exemplos de edifícios de relevante traça arquitectónica. Situada no cimo de uma enorme escadaria, a qual os locais chamam de cascata, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrela é um imóvel de interesse público.

A sua construção iniciou-se na era de quinhentos, tendo sido muito alterada ao longo dos tempos. A sua actual feição data do século XVIII, apresentando hoje uma altaneira fachada barroca e um interessante interior de três naves. Nele se destacam o altar dos Reis Magos, a talha da capela do Santíssimo, o cadeiral do altar-mor, os frescos do tecto dedicados à Virgem e a porta em ferro forjado do Baptistério.

No coro alto encontrava-se um conjunto de grande valor artístico, conhecido pelo nome de Arcano. Hoje em dia, esta peça única da arte monasteiral feminina, classificada como primeiro Tesouro Regional, encontra-se na Casa Museu do Arcano, uma valência turística alojada na casa original da sua autora, a freira Clarissa Margarida do Apocalipse. O Arcano Místico é, no fundo, uma vitrina onde se podem admirar centenas de pequenas figuras, moldadas em farinha de arroz, goma-arábica e alúmen, dispostas em vários planos, representando cenas do Antigo e Novo Testamento, tudo esculpido no século XIX.

A sacristia da Igreja Matriz sagrada a Nossa Senhora da Estrela alberga um pequeno museu sacro, com alfaias em prata, imagens e um tríptico flamengo dedicado a Santo André (século XVI).

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A Igreja do Espírito Santo (também conhecida, localmente, por Igreja do Senhor dos Passos) é um templo do século XVII com uma espectacular fachada barroca, sendo um dos mais impressionantes exemplares deste estilo existentes no arquipélago. O interior, de duas naves e de decoração simples, contrasta vivamente com o exterior.

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Para além destes templos existem várias ermidas, como as de Santo André (século XV), Santa Luzia (século XVI) e a de Nossa Senhora da Salvação (século XVII). A ermida de Nossa Senhora de Fátima é a mais recente.

A freguesia da Matriz dispõe ainda de belos exemplares de arquitectura civil açoriana, abrangendo um período que vai desde o século XVI ao século XVIII. Merecem especial referência o Solar do Botelho (século XVII) e o Solar e Capela de São Vicente (século XVIII).

Ocupando uma posição privilegiada no centro da cidade, o edifício dos Paços do Concelho data do século XVI-XVII, possuindo uma escadaria exterior e torre do relógio, característica comum aos edifícios municipais dessa época. No seu interior encontra-se a antiga pedra do Pelourinho. Na esquina da casa contígua há uma bela janela, em estilo manuelino (século XVI), que muitos pensam provir da primitiva igreja matriz.

A Ponte de Oito Arcos constitui um dos ex-libris da cidade da Ribeira Grande. Edificada no século XIX, esta ponte de boa alvenaria é uma obra do engenheiro militar Sousa Silva. Aliás, a esta ponte e à ribeira que por ela passa e que dá nome a toda a cidade está intimamente ligada a história da freguesia que, ainda hoje, tem nos moinhos de água um património histórico insubstituível.

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A Casa Municipal da Cultura, instalada no antigo Solar de São Vicente, belo exemplar de arquitectura setecentista, apresenta colecções de azulejaria, cerâmica e etnografia, que vão do século XVI aos nossos dias. Expõe ainda o curioso presépio movimentado do Senhor Prior. Na capela do solar podem apreciar-se valiosas peças de Arte Sacra, nomeadamente um retábulo setecentista e uma imagem barroca de São Vicente Ferreira.

O Teatro Ribeiragrandense, virado para a vertente cultural, possui, hoje em dia, excelentes condições para a realização de espectáculos musicais, teatrais, cinematográficos e outros eventos.
As Caldeiras da Ribeira Grande, um aprazível local de veraneio localizado num pequeno vale a cerca de 5 km do centro da Matriz, reúne à sombra de denso arvoredo um estabelecimento termal e várias nascentes de água mineral. Neste local está também situada a Ermida de Nossa Senhora da Saúde (século XIX).

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Refira-se, ainda, que a Matriz constitui o centro nevrálgico de todos os serviços do Concelho e da Cidade. A Freguesia da Ribeira Grande — Matriz é um local pleno de história e interesse e é, sob o ponto de vista patrimonial e cultural, um dos lugares da Região que apresenta maior riqueza.